Silêncio 1999

Silêncio: Para ouvir alto.

O silêncio é a mais perfeita forma de música. Nele eu me escondo, me encanto e pernoito as palavras que te irão encontrar. O silêncio é a minha obsessão, a minha forma de te escutar. Eu sei que estás aí, que me ouves e me percebes. Sei que sentes os meus silêncios. Eles são os teus também.

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1. Noite Na Noite

01. NOITE NA NOITE

Esta noite vou ser pássaro,
Vou voar todo o teu corpo,
Minhas asas são de aço,
Tua pele de ferro e fogo.
Por isso,
Vem...

Esta noite vou ser vento
E pousar no teu cabelo,
Vou ser mais que o pensamento
Tu a força do segredo.
Esta noite vai ser tua,
Faz o que tens a fazer,
Mais uma noite na rua
Mais loucura que prazer.

Eu não sei para onde vou
Quando não estás,
E as paredes que me prendem,
Que me impedem de ir longe demais...

Mais uma noite na noite
É mais um sonho perdido,
Mais uma noite na noite
Menos um dia contigo.
Mais uma noite na noite
É mais um sonho perdido,
Mais uma noite na noite
E mais um corpo vazio.

Esta noite vou ser barco
Naufragar nas tuas mãos,
Minhas velas são os braços
Com que te prendo no chão.
Esta noite vai ser tua
Dá-me o que tens para me dar,
Mais uma noite na rua
Uma vida para inventar.

Eu não sei para onde vou
Quando não estás,
E as paredes que me prendem
Que me impedem de ir longe demais...

Refrão

Veste a minha pele
Dança comigo no chão,
Entre o teu corpo e o meu
Perdeu-se o tempo da razão.

Refrão

2. Qualquer Lugar
02. QUALQUER LUGAR

Sentes que o corpo vence,
Sentes o chão estreito,
Dizes que o mundo não pára,
Balança no teu peito.
Sentes que as mãos são asas,
Que tudo o resto é céu,
Voas os olhos fechados,
Num tempo que é só teu.

E tudo à volta dá vontade de partir,
De encontrar alguém
Também pronto a fugir,
Sair daqui.

Em qualquer lugar
É bom p'ra estar
Longe do mundo,
Em qualquer lugar
É bom p´ra estar,
P´ra fugir do fundo.

Sentes que a noite acaba
Perto da solidão,
Vês o prazer dos outros
E vais dizendo não.
Sentes o vento na cara
Como a primeira vez
E ao tocares-te na pele
Descobres quem tu és.

E tudo à volta dá vontade de partir,
De encontrar alguém
Também pronto a fugir,
Sair daqui.

Refrão
3. Onde Te Vais Esconder


03. ONDE TE VAIS ESCONDER

Desculpa o silêncio
Que trago em mim,
São gritos que penso
Que calo assim.
Desculpa as palavras
Que não saem da voz,
São noites cansadas,
Pedaços de nós.

E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?
Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?

Desculpa os dedos
Que te querem tocar,
Descobrem segredos
De suor e de mar.
Desculpa as manhãs
Em que acordas sozinha,
Levou-me a maré
As memórias que tinha.

E tu, onde te vais esconder?
E tu, onde te vais esconder?
Desculpa o beijo,
É o desejo a morrer.
E tu, onde te vais esconder?

4. O Que Vai Ser De Mim

04. O QUE VAI SER DE MIM

Prometeram-me um futuro
E eu sem querer acreditei,
Comprar a vida sem juros,
Ser dono do Cristo-Rei.
Vou usar jeans e gravata
E um Ferrari amarelo,
Um dia vou ser político
Ou talvez super-modelo.

A vida é um telecomando,
Eu sou o 5º canal,
Sou todos os sonhos perdidos
Por isso viva Portugal!

E agora o que vai ser de mim?
Será que vai ser sempre assim?

Hoje vi mais um concurso
De estrelas de rock´n roll,
De certezas e proezas,
Sexo, droga e futebol!
À noite na discoteca
Os shots falam verdade,
Afinal para que serviram
Dez anos de Faculdade?

A vida é um telecomando,
Eu sou o 5º canal,
Sou todos os sonhos perdidos
Por isso viva Portugal!

Refrão

5. Novos-pobres

05. NOVOS-POBRES

Diz-me em quanto tempo
Se faz a revolução,
Quantas cabeças de fora,
Quantos corpos no porão,
Quanta coca é vendida
Pelos altos da nação,
Quantos crimes redimidos
Pesam na religião?
Quantos novos-pobres faltam
Para fazeres a colecção,
Quantas esmolas escondem
A ausência do perdão,
Que diferenças são desculpa
Para a noite na prisão?
Por isso diz-me em quanto tempo
Se faz a revolução.

Quantas pastilhas
Para te soltares do chão?
Qual o preço do silêncio,
Quanto custa a redenção?

Não peço + nada
Só quero a solução, X 2
Por isso diz-me em quanto tempo
Se faz a revolução.

6. Como Uma Ilha

06. COMO UMA ILHA

Tu és todos os livros,
Todos os mares,
Todos os rios,
Todos os lugares.
Todos os dias,
Todo o pensamento,
Todas as horas
O teu corpo no vento.
Tu és todos os sábados,
Todas as manhãs,
Toda a palavra
Ancorada nas mãos.
Tu és todos os lábios,
Todas as certezas,
Todos os beijos
Desejos, princesa.

Como uma ilha,
Sozinha...

Prende-me em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra
Como fogo na mão,
Como vou esquecer-te,
Como vou eu perder-te,
Se me prendes em ti,
Agarra-me ao chão,
Como barcos em terra,
Como fogo na mão,
Como vou eu lembrar-te
Se a metade que parte
É a metade que tens.

Tu és todas as noites
Em todos os quartos,
Todos os ventos
Em todos os barcos.
Todos os dias
Em toda a cidade,
Ruas que choram
Mulheres de verdade.
Tu és só o começo
De todos os fins,
Por isso eu te peço
Fica perto de mim.
Tu és todos os sons
De todo o silêncio,
Por isso eu te espero
Te quero e te penso.

Como uma ilha,
Sozinha...

Refrão

7. Verdade

07. VERDADE

Felicidade não tem código de barras,
Nem os sonhos têm preço, nem desejo tem amarras.
Os poetas não se vendem em plástico,
Nem um mundo sem prazer será fantástico.
Os deuses não se fazem de esmola,
Liberdade não se aprende só na escola,
Uma alma sem sexo não existe
Como um louco sem loucura não resiste,
Futuro não é chá de caridade,
Só o teu amor, por ser amor, é de verdade.

Um muro por mais alto não separa
Os que têm fome dos que têm a seara.
A cidade virou hiper-mercado,
Se é da favela, não é gente, é malcriado.
O dono do mundo sentiu-se mal,
Não o deixam destruir a selva tropical.
Vendem-se meninos nas escadas do metro,
Fome é prisão, humilhação de quem roubou,
O dinheiro transformou-se na vontade,
Só o teu amor, por ser amor, é de verdade.

O crucifixo é da cor do cinescópio,
Heroína, cocaína, odor de ópio.
A vizinha estreou-se na TV,
Matou o marido sem saber porquê.
A dor já se vende em video-cassete,
Beatas masturbam-se por Internet,
Sexo compra-se pelos jornais,
Videntes criam novos pecados mortais,
Quarenta índios morreram hoje ao fim da tarde,
Só o teu amor, por ser amor, é de verdade.

8. Eu E Tu Somos Iguais

08. EU E TU SOMOS IGUAIS

Saiu pela noite,
Pelas ruas do Porto,
Procurando os seus olhos
Num copo já morto.
Perdeu-se na vida
Encontrou-a na Foz,
Entre o Molhe e a Avenida
Há tanta gente a sós.
E eu e tu somos iguais.
Esconderam palavras
Por trás das palavras,
Disseram amor
Sem se perceberem.
Dançaram na estrada,
No asfalto dos loucos,
Entre o céu e o nada
Foram morrendo aos poucos.
E eu e tu somos iguais.
E pediram-se um beijo,
Uma mão que os agarre,
Parados no tempo,
Para que o tempo não pare.
E eu e tu somos iguais.

E quando perceberam
Que a noite era só deles,
Mataram desejos
E rolaram beijos
Colados ao corpo,
Perdidos no chão.

Então os dois foram um,
E o tempo nenhum
Para o que tinham para se dar,
Põe o teu corpo no meu,
Deixa a noite acabar.
Então de um fez-se dois,
E o tempo depois
Foi tão pouco para viver,
Põe o teu corpo no meu
Sente o meu a amanhecer.

Hei, hei, hei, X 4
Eu e tu somos iguais...

Enrolou um cigarro
Que fumaram a dois,
Revivendo o prazer
Que viria depois.
Beberam olhares,
Lugares de veneno,
Nas paredes do quarto
O mundo é tão pequeno.
E eu e tu somos iguais.
Partiram no carro
A voar na cidade,
Encantados nas luzes,
Despistando a vontade.
Deram-se as mãos,
E os corpos também,
A 200 à hora
Não os vai vencer ninguém.
E eu e tu somos iguais.
E pararam o mundo
Numa rua qualquer,
Num abraço sereno
Sem ninguém perceber...
E eu e tu somos iguais.

E quando perceberam
Que a noite era só deles,
Mataram desejos
E rolaram beijos
Colados ao corpo,
Perdidos no chão.

Refrão

9. Silêncio

09. SILÊNCIO

Silêncio é a palavra que habita, que palpita
Toda a música que faço.
É a cidade onde aportam os navios
Cheio de sons, de distância, de cansaço.
É esta rua onde despida a valentia
A cobardia se embriaga pelo aço.
É o sórdido cinema onde penetro
E encoberto me devolvo ao teu regaço.
É a luz que incendeia as minhas veias,
Os fantasmas que se soltam no olhar,
Que te acompanham nos lugares onde passeias,
É o porto onde me perco a respirar.
Silêncio são os gritos de mil gruas,
E o som eterno das barcaças
Que chiando navegam pelas ruas,
E dos rostos que se escondem nas vidraças.

Quem me dera poder conhecer
Esse silêncio que trazes em ti,
Quem me dera poder encontrar
O silêncio que trazes por mim.
Pelo silêncio se mata,
Por silêncio se morre,
Tens o meu sangue nas veias,
Será que é por mim que ele corre?

Somos dois estranhos
Perdidos na paz,
Em busca de silêncio
Sozinhos demais,
Somos dois momentos, X 2
Dois ventos cansados,
Em busca da memória
De tempos passados.

Silêncio é o rio que esconde
O odor de um prédio enegrecido,
O asfalto que me assalta quando paro,
Assomado por um corpo já vencido.
Silêncio são as luzes que se apagam
Pela noite, na aurora já despida,
E os homens e mulheres que na esquina
Trocam prazeres, virtudes, talvez Sida.
Silêncio é o branco do papel
E o negro pálido da mão,
É a sombra que se esvai feita poema,
Num grafitti que é gazela ou leão.
Silêncio são as escadas do metro
Onde poetas se mascaram de videntes,
Silêncio é o crack que circula
Entre as ruas eleitas confidentes.

Quem me dera poder conhecer
Esse silêncio que trazes em ti,
Quem me dera poder encontrar
O silêncio que trazes por mim.
Pelo silêncio se mata,
Por silêncio se morre,
Tens o meu sangue nas veias,
Será que é por mim que ele corre?

Refrão

Silêncio é este espaço que há em mim,
Onde me escondo para chorar e ser chorado,
É o pincel que se desfaz na tua boca,
Em qualquer doca do teu seio decotado.

Refrão

Silêncio...

10. Sombra

10. SOMBRA

Eu e tu como loucos
Feitos donos da estrada,
Procurando o destino
Entre o tudo e o nada.
Sem saber ler o céu
Ou o mapa rasgado,
Engolimos sinais
Em sinal de pecado.
Vozes velozes
Levando a melhor,
São loucos que vivem
Na paz do motor.
Há canções pela rádio
Que te fazem voar,
Piruetas perfeitas
Enganando o radar!

Sei de um lugar para ti
Onde há lugar para mim,
E razões para me esconder.
Sou dono do deserto
E de todo o bar aberto
Onde insisto em me perder.

Dim, dim, dim,
Dom, dom, dom, X 2
É o som da tua sombra
Presa dentro de mim.

Eu e tu como loucos
Vagueando no pó,
Descobrindo nos outros
Quem mais está só.

Sentados na lua,
Onde o vento vagueia,
Cinquenta infelizes
Pedindo boleia.
Encostados na berma
Entre o céu e o chão,
Abraçados à terra,
Perdendo a razão.
Correndo o asfalto
Como rios no monte,
Somos feras sem dono,
Somos o horizonte!

Sei de um lugar para ti
Onde há lugar para mim,
E razões para me esconder.
Sou dono do deserto
E de todo o bar aberto
Onde insisto em me perder.

Refrão

Tens a paranóia do silêncio.
Tenho um medo que é imenso
De acordar e não te ver.
Presa por quereres a liberdade,
E essa história da saudade
Com que insistes em te defender.
Anda, insulta-me agora!
Está na hora de sentires a minha pele.
Sou como um lobo, o fogo que goza,
Raposa que cruza
O teu sonho mais fiel.

Sei de um lugar para ti
Onde há lugar para mim
E razões para me esconder.
Sou dono do deserto
E de todo o bar aberto
Onde insisto em me perder.

Refrão

11. Beijo

11. BEIJO

Não posso deixar que te leve
O castigo da ausência,
Vou ficar a esperar e vais ver-me lutar
Para que esse mar não nos vença.
Não posso pensar que esta noite
Adormeço sozinho,
Vou ficar a escrever,
E talvez vá vencer
O teu longo caminho.

Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio X 2
Contigo eu venço
Num beijo assim.

Não posso deixar de sentir-te
Na memória das mãos,
Vou ficar a despir-te,
E talvez ouça rir-te
Nas paredes, no chão.
Não posso mentir que as lágrimas
São saudades do beijo,
Vou ficar mais despido
Que um corpo vencido,
Perdido em desejo.

Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Refrão

12. Dá-me O Tempo

12. DÁ-ME O TEMPO

Deita-te em mim,
Descobre onde estás,
Escuta o silêncio,
Que o meu corpo te traz.
Não me deixes partir,
Não me deixes voar,
Como um pássaro louco
Como a espuma do mar.

Sente a força da noite
Como facas no peito,
Como estrelas caídas
Que te cobrem o leito.
Tenho tantos segredos
Que te quero contar
E uma noite não chega,
Diz que podes ficar.

Dá-me o tempo,
Dá-me a paz,
Viver por ti não é demais.
Dá-me o vento,
Dá-me a voz,
Viver por ti, morrer por nós.

Enfim nós os dois,
Os teus gestos nos meus,
Perdidos no quarto
Sem dizermos adeus.
Adiamos a noite,
Balançamos parados,
Pela última vez
Os nossos corpos colados.

Sente a força que temos
Quando estamos assim,
Um segundo é o mundo
Que nos separa do fim.
Porque tens de partir
Quando há tanto a dizer?
Eu não sei começar,
Não te quero perder.

Refrão

(Eu gosto das formas que tomas,
Como o toque do cristal,
E dos vidros, dos poemas,
Da febre do metal)

Refrão

13. Barco Para A Afurada

13. BARCO PARA A AFURADA

Leva homens, poetas
E gente encantada,
Trocam beijos, piropos
Pedaços de nada.
Na margem espera
A pressa do dia,
Ficam presas em terra
As vidas vazias.

Atravessam soldados, amantes,
E velhos distantes
E loucos contentes,
Meninas de lábios cortantes
E olhares provocantes
Seduzem correntes.

Rasga o silêncio da estrada
Rio madrugada,
Douro, marfim.
O Barco para a Afurada
Cidade cansada
Tão longe de mim.

Rezam padres discretos, selectos
E amores inquietos
Navegam o rio,
Mulheres de futuro cansado
Murmuram um fado,
Enganam o frio.

Sob a sombra da ponte,
Que é a sombra do mundo,
Cada onda é um canto
De um dia profundo,
E o piloto conduz
Mais do que as gentes que leva,
São os sonhos que estão
Ancorados em terra.

Refrão

Tocam-se valsas
E roçam as calças
Por entre dois passos de dança,
Despertam amores,
Esquecem-se as dores
Que o desejo ardente não cansa.

E solta-se o mar
A reboque dos sinos,
São os homens que o barco
Faz de novo meninos.
E acordam poemas
Libertos na voz,
Descobrem apenas
Que não estão sós.

Refrão

...Barco que trago no peito,
Meu sonho desfeito,
Espera por mim.

14. Algarve

14. ALGARVE

Já são 5 da manhã
Ainda há tempo esta noite
Para quem começa a viver,
A rádio sussurra "Manhatã"
Em acordes distorcidos
Que nos enchem de prazer

Voam pássaros morcegos
Assustando o pára-brisas
E a paisagem que amanhece.
Queres parar, mas não aqui
Que essa luz parte de ti
E o desejo que acontece.

Da chuva faço mil estradas de vidro
E o meu carro a rolar.
No ar o cheiro do destino,
No chão a pele quente
Do Algarve a acordar

Uuu! Uuu!

Já passamos Castro Verde,
E escreveste na planície
Como se esta fosse um papel,
Dizes: "o mundo não compreende
+ do que está à superfície"
"Ne me quitte pas", pede Brell

Entre néons e Nirvana
Vais mudando de estação
Como se a próxima
Fosse a melhor.
E os sons que a serra esconde
Entre o asfalto e o monte,
São + que a pressa do motor.

Da chuva faço mil estradas de vidro
E o meu carro a rolar.
No ar o cheiro do destino,
No chão a pele quente
Do Algarve a acordar

Refrão

Um dia de silêncio
É um dia de amargura
Igual a outro dia qualquer
Trazes nos olhos o desejo
Onde vejo a aventura
Que ainda vamos viver.

Da chuva faço mil estradas de vidro
E o meu carro a rolar.
No ar o cheiro do destino,
No chão a pele quente
Do Algarve a acordar

Refrão

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